Em comemoração ao 9º aniversário da Estação Conhecimento de Arari, vai ao ar no site, semanalmente, a série de matérias “Trajetórias que inspiram”, onde conheceremos a história de vida de jovens que passaram pela organização e hoje se destacam sendo protagonistas de sua própria trajetória.
Finalizaremos a série com uma história que, diferentemente das anteriores, não se desligou da EC Arari, mas ainda assim alçou vôos mais altos, como as outas trajetórias contadas aqui. Está parecendo confuso?! Vamos conhecer…
A trajetória inspiradora contada hoje será a do Luciano Lima, jovem de 22 anos que passou de atendido da EC Arari para colaborador. Não há muito tempo em que essa mudança de perspectiva aconteceu para Luciano, que passou de atendido ingresso no ano de 2012 para colaborador no ano de 2019.
Aos 14 anos entrou na EC embalado pelo sonho de ser jogador de futebol, como a maioria dos garotos ararienses e a instituição que na época voltava-se à formação de atletas, abraçou esse sonho. Ao conhecer a Estação, Luciano percebeu que o futebol não era a única oferta do local, que contava também com pista de atletismo e piscina semiolímpica. Assim, estimulado pela mãe, tentou natação e se apaixonou pelo esporte, como é até hoje, segundo seu relato: “Quando vi que eu levava jeito e com incentivo dos treinadores, coloquei na cabeça que eu queria ser nadador profissional. Foi aí que comecei a pensar em profissão e esse foi meu primeiro desejo profissional”.
Como aluno motivado que era, Luciano logo se destacou e entrou para a equipe de treinamento da natação, que se diferenciava das outras turmas por ser voltada especificamente para competição. Como atleta, chegou a competir pela EC Arari e até ser federado – nomenclatura dada aos atletas filiados a federações e aptos para competições profissionais.
Com todo esse investimento, claro que o jovem criou altas expectativas para tornar-se nadador profissional, competir nas olimpíadas e representar a Estação Conhecimento de Arari pelo Brasil, no entanto, a caminhada foi mudando de ritmo e Luciano conta que inicialmente foi frustrante perceber que precisaria planejar um novo caminho, mas não se apegou a frustração e logo aceitou com compreensão que sua trajetória mudara. Foi aí que passou a formular novas possibilidades para sua vida.
Nesse clima, aos 17 anos Luciano se desligou da EC Arari, motivado por seus novos planos de vida. O jovem se dedicou aos estudos para o vestibular e dentre as opções da época, escolheu o curso superior de Administração. Compartilha que o que lhe encantou na área foi a enorme abrangência e as oportunidades do mercado de trabalho.
Falando em mercado de trabalho, Luciano não se contentou com o papel de estudante e logo passou a buscar oportunidades como estagiário, durante essa caminhada recebeu alguns negativos, mas persistiu, foi aí que surgiu o seletivo para estágio administrativo na EC Arari em que Luciano foi aprovado. Ele conta que foi surpreendido com o resultado, especialmente por ter concorrido à vaga com uma amiga competente em quem ele acreditava ter mais chances de ser aprovada.
Foi assim que Luciano voltou para sua antiga casa e agora enxergando de um novo lugar tenta transmitir seu impacto ao retornar, diante de tantas mudanças: “Tomei um choque de realidade quando voltei. A primeira coisa que me chamou atenção foi o discurso completamente mudado. Aquele discurso de competição tinha sido substituído e agora a Estação volta-se para um olhar mais social e educacional. Se tornou uma instituição social que trabalha com todas as dimensões da criança e do adolescente, estimulando neles a curiosidade para conhecer outras áreas, não somente a esportiva”.
É que no período em que o jovem dedicava-se à entrada na faculdade, a EC Arari passava por uma mudança em seu Projeto Político Pedagógico, adotando a Educação integral como a premissa norteadora, onde o esporte continuaria presente, mas a intenção competitiva seria substituída pela educacional e além do esporte, outras áreas seriam trabalhadas na busca por desenvolver as dimensões física, intelectual, emocional, social e cultural de seus atendidos, através de práticas de música, teatro, dança, capoeira e multiletramentos, incluindo a reformulação de um laboratório de informática onde se trabalha o letramento digital e acesso as mais novas tecnologias.
Luciano confessa que inicialmente estranhou já que continua sendo um apaixonado pela prática esportiva, mas com o passar do tempo passou a compreender o cerne das mudanças e apesar de admirar o lado competitivo, acha que, se houvessem as outras áreas na sua época, seria mais cativante e estimulante para as crianças e adolescentes já que ao se desapontarem com os resultados esportivos, não percebiam outras possibilidades e acabavam se desligando da organização.
“A assistência social e educacional não era percebida como é hoje, apesar de ter um cuidado e uma preocupação com os atendidos, o foco principal era criar medalhistas. E hoje vemos entrega de cestas (alimentícias) durante a pandemia e educadores de diversas áreas no mesmo espaço”.
As trajetórias da EC Arari e do Luciano se cruzaram novamente, mas agora ele já não era mais o mesmo menino de 14 anos e a Estação também mudou. Enquanto ele assimilava todas essas mudanças, mais uma surpresa em seu caminho: após 5 meses como estagiário, Luciano mais uma vez se destacou e foi efetivado como colaborador, passando a compor a equipe EC Arari. Para ele a efetivação foi motivo de grande realização, mas também desafiador já que precisou conciliar mais horas de trabalho com a vida acadêmica. Para isso conta que reorganizou sua agenda de estudos e atualmente além dos dias de semana também precisa estudar nos finais de semana.
Ao relembrar toda sua trajetória dentro da Estação Conhecimento de Arari, Luciano compartilha algumas lembranças. Conta que no formato anterior da EC, era comum o clima de rivalidade entre os atendidos, em razão de estarem constantemente competindo, por isso, os momentos em que aconteciam eventos visando a confraternização entre todos foram os mais marcantes para ele
“As gincanas que duravam o dia inteiro na EC com atendidos dos dois turnos geravam uma interação muito boa, principalmente para a equipe de treinamento que não tinha contato diário com pessoas de outras turmas, a equipe era privilegiada em algumas coisas, e nesses momentos de confraternização poderíamos interagir com todos”.
Luciano concluirá seu curso no primeiro semestre de 2021, e como de costume, traçou suas próximas metas: quer continuar investindo nos estudos e na carreira, em especial na area de consultoria de empresas. Em relação a sua trajetória profissional hoje na EC Arari, ele deixa seu recado:
“A Estação sempre me proporcionou muitas coisas boas, sempre deu oportunidades de aprendizados com diferentes pessoas, desde a época em que eu competia e viajava, até hoje no trabalho. Claro que alguns valores trazemos de casa, mas foi na Estação que também aprendi a ter respeito, responsabilidade, a estabelecer limites e metas a alcançar”.
Caminhando há muito tempo lado a lado, Luciano e a EC Arari se beneficiam mutuamente. A EC lhe proporcionou oportunidades e lições para a vida e Luciano também proporcionou muitas conquistas para a EC, anteriormente com seu talento na natação e atualmente com seu talento profissional.
Bem-vindo de volta, Luciano! Imagine que a EC Arari seja uma árvore onde você pode colher os frutos, mas lembre-se de sempre deixar como contribuição suas sementes para que continuem a germinar.