Em comemoração ao 9º aniversário da Estação Conhecimento de Arari, vai ao ar no site, semanalmente, a série de matérias “Trajetórias que inspiram”, onde conheceremos a história de vida de jovens que passaram pela organização e hoje se destacam sendo protagonistas de sua própria trajetória.
Leandra Riduzino entrou na Estação Conhecimento de Arari aos 13 anos, quando estava no primeiro ano do ensino médio, e saiu em 2019 ao completar 18 anos. Sua caminhada na EC Arari foi marcada pelos dilemas comuns aos estudantes do ensino médio e enquanto participava do projeto, traçava metas e sonhos ao lado da grande amiga Maria de Fátima. Juntas elas pensavam na vida profissional e nas escolhas a serem feitas, mas enquanto o momento decisivo não chegava em relação a carreira, elas decidiam boas jogadas no futebol…
Assim que entrou na EC Arari, Leandra se identificou somente com o futebol. Surpreendida ao encontrar um time feminino, de imediato achou a atividade divertida e se encantou. Conta que apesar da existência do time, a união entre as meninas foi algo que precisou ser construído e ela se orgulha de ter sido uma das protagonistas da transformação para um time com mais sororidade. Mas a trajetória de Leandra na EC não se resumiu ao futebol. Durante sua passagem pela casa, sempre buscou descobrir mais do que gostasse; experimentou aulas de informática, capoeira, natação, dança, até que se encontrou nas práticas de música. A partir daí, o futebol dividiu espaço com a música em sua vida. A jovem relata sua experiência com as duas paixões:
“Quando entrei na Estação, vivia pra baixo por causa do meu corpo. Depois de dois anos meu corpo mudou completamente por causa do esporte e do acompanhamento com a nutricionista da EC, que foi ótima comigo; antes eu sentia muitas dores nas costas e não dormia bem, totalmente diferente de hoje em dia. Já a música me deixou mais segura em relação a várias coisas, quando comecei a cantar eu morria de medo, só conseguia me sentir segura ao lado da Maria (amiga da EC), mas após ela não poder participar de algumas apresentações, tive que encarar sozinha e ali descobri que eu tinha meu valor e conseguiria fazer também”.
Além de cantar, Leandra também desenvolveu habilidades no Ukelele e hoje nutre o desejo de aprender teclado. Essa trajetória é cheia de descobertas, percebeu?! Enquanto experimentava um pouco de tudo na Estação Conhecimento de Arari, ela encarava as angústias típicas da adolescência, especialmente na questão profissional. Foi isso que a levou a procurar orientação psicológica na EC e a comparecer às rodas de conversa sobre o tema, voltadas para adolescentes. A jovem relembra que por não saber o que queria ser (profissionalmente), sentia medo de arriscar, mas foi com as orientações e rodas de conversa que refletiu sobre a necessidade de pesquisar, desbravar, experimentar e assim descobrir se havia identificação ou não. Foi desta forma que Leandra encerrou seu ciclo na EC e partiu para sua próxima meta: o vestibular.
Preparava-se há mais de um ano para o vestibular da Universidade Estadual do Maranhão, quando o professor de biologia de sua escola, Willyson Richard – conhecido por ser um grande incentivador de seus alunos – chamou atenção para a prova do Instituto Federal do Maranhão (IFMA). Com ajuda do professor, Leandra resolveu fazer a inscrição, embora faltasse apenas um mês para a prova. Ela apostou suas fichas e precisou redirecionar seus planos de estudo já que até então preparava-se para a prova da universidade estadual. O resultado de toda essa correria? Aprovada em primeiro lugar para o curso Técnico em Segurança do Trabalho do IFMA, localizado em São Luis (MA). Esse foi o resultado que deixou Leandra uma semana sem acreditar que aquela lista era verdadeira.
Foi então que precisou deixar a cidade de Vitória do Mearim (MA) e mudar-se para a capital, onde deveria morar com a irmã que também faz faculdade. Leandra chegou a ficar um mês na cidade e frequentou 3 dias de aula, no entanto, as coisas não saíram conforme o esperado e a pandemia do coronavírus obrigou a adiar por algum tempo a nova rotina. Enquanto isso a jovem aproveita para curtir a companhia da mãe, pois a distância da família é um de seus grandes desafios a serem encarados. Falando em desafios, lembra daquele papo de que a trajetória dela é marcada por descobertas? Durante a quarentena, enquanto assistia às aulas online, Leandra descobriu mais uma aptidão: pensou que precisaria de um trabalho para conseguir pagar as passagens de ônibus para o curso, quando retornasse ao presencial, e atentando para as vendas online que estavam bombando na quarentena, ela se descobriu empreendedora: abriu uma loja virtual de capa personalizada para celular.
Funcionando há 7 meses, a lojinha tem sido um sucesso e Leandra expõe que se surpreendeu com sua desenvoltura ao empreender. Buscou fornecedores até de fora do Estado e contatos importantes para seu negócio. Seu plano é continuar crescendo, mas no mercado virtual, que para ela é a grande tendência e é mais flexível para conciliar com os estudos. Quanto ao lucro, conta que está guardando para investir exclusivamente em sua formação e já conseguiu até ajudar o pai na compra de um notebook para estudar.
Quando indagada sobre uma lembrança com a Estação Conhecimento de Arari, Leandra trouxe diversas, demonstrando o quanto viveu intensamente sua passagem pela organização. A jovem relembra como um momento especial a primeira vez que se apresentou cantando sozinha para muita gente, dizendo nunca ter se imaginado fazendo isso. Sabe o episódio em que sua melhor amiga, Maria de Fátima, não pôde participar de algumas apresentações? Leandra tirou lição disso! Sente que essa situação a preparou para a separação que aconteceria logo a frente. Ao concluírem o ciclo na EC, Maria foi morar em outro Estado para também investir em seus estudos. Assim, Leandra relata que mais uma vez precisou encarar multidões sem a amiga ao lado:
“Quando ela foi para o Mato Grosso fiquei devastada pois tínhamos a esperança de fazer faculdade juntas, mas pensei que eu tinha que deixar ela voar, seguir o caminho dela e nos encontrarmos mais na frente, mais maduras […] a música com certeza me preparou para isso”.
Leandra comenta que descobriu na EC formas de lidar com suas emoções, pois antes sentia-se muito solitária e atualmente, apesar de continuar sendo uma pessoa reservada, sente-se mais equilibrada em relação a isso. Na escola e na cidade não era de muitos amigos, já na EC se sentiu acolhida, desenvolveu vínculos e conviveu de forma mais divertida e leve com as pessoas. A música também foi primordial nesse processo e hoje funciona como um recurso especial para os momentos de estresse e dificuldades.
O amadurecimento emocional de Leandra pode ser percebido de diversas formas durante a conversa, mesmo no momento em que falava de desafios e situações que lhe despertaram medo, a jovem adotou uma fala risonha, com tom de voz que expressou garra e segurança por suas escolhas.
Desenvolver no educando o autocuidado, autonomia, autoconhecimento e habilidades socioemocionais também é objetivo da Estação Conhecimento de Arari e parece que para a Leandra tem dado certo… Além de técnica em Segurança do Trabalho e empreendedora, ela está caminhando para ser um ser humano potente em todos os sentidos. Estamos orgulhosos de você, Leandra!